quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Dias cinzas em palavras mal escritas

“Nunca mais abro a janela do meu quarto num dia cinza. Sei que o sol fica dormindo atrás das nuvens, não ilumina. Nem penso muito no que pode acontecer enquanto arrumo, todas as coisas que eu sinto, o meu passado e o meu destino.” Acústicos e Valvulados
 

   E como tem feito dias cinzas ultimamente, mas ao contrário do que diz a música, eu insisto em abrir as janelas, deixar o ar frio e cinzento entrar e congelar alguns momentos, alguns pensamentos. Queria mesmo era poder congelar alguns sentimentos, algumas angústias e sensações. Queria congelar um amor para usá-lo só na hora certa, mas e quando seria essa hora? Congelar meu medo do dia 12 de junho, para aproveitar melhor a noite do dia 11. Queria congelar a saudade de quem já se foi, de quem está longe e de quem por algum motivo saiu da minha vida. Mas infelizmente os dias cinzas só congelam a mim, o meu coração quente ajuda a minha alma a sobreviver, seguir em frente fingindo não sofrer.
   Dias gélidos, solitários. Paredes molhadas e o mofo querendo aparecer. Será que eu também vou mofar? Será que eu vou acabar sentada sozinha em um banco da praça lendo o jornal de cabeça para baixo? Acho que dias cinzas alteram minha sanidade.
   Dias cinzas são o símbolo do marasmo: cama, cobertores, televisão, comida e solidão. Ah,essa solidão. Por vezes acho que ela me escolheu, mas quase sempre me convenço de que fui eu que quis assim. Saudade de casa, da mãe gritando qualquer coisa, da cadelinha da minha mãe me pedindo atenção. Saudade das ruas de Cruz Alta, do calor da beira da praia. Saudade de tantos lugares que passei, de tantas pessoas que conheci, de tanta gente que amei! Ah, essa saudade! Coisas que só dias assim me fazem lembrar!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010


O amor não poderia morrer, ele não tem fim. Nós que criamos a despedida por não suportar sua longevidade. Por invejar que ele seja maior do que a nossa vida.
(..)Andei amando loucamente, como há muito tempo não acontecia. De repente a coisa começou a desacontecer. Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei demais, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas (juro). Agora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer.? (..)

Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais - por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia - qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.Eu prefiro viver a ilusão do quase, quando estou "quase" certa que desistindo naquele momento vou levar comigo uma coisa bonita. Quando eu "quase" tenho certeza que insistir naquilo vai me fazer sofrer, que insistir em algo ou alguém pode não terminar da melhor maneira, que pode não ser do jeito que eu queria que fosse, eu jogo tudo pro alto, sem arrependimentos futuros! Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo, que com a certeza de ter acabado em dor. Talvez loucura, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe!

É Zé... não sinto nada, nadinha!

 
  No domingo veio o Gustavo. Esse eu confesso que não é o que se pode chamar de irmãozinho, ainda que a gente já tenha tomado muitos banhos juntos. Mas olha, seu Zé, que menino mais fofo: veio me trazer um presente. Uma luminária super bonita, dessas de chão. Você não acha que ele mereceu aquele beijo que eu dei nele no elevador? Eu sei que o senhor viu, sei bem. E sei também que o senhor viu que não foi bem um beijinho inocente. Mas ele não merece? Um presente bacana desses, veja só! O senhor entende, né?
  Na terça tava um silêncio danado na rua, a maior paz. E eu sei que acordei o senhor. O senhor tava lá dormindo escondidinho na guarita, não tava? E eu no interfone desesperada pra subir logo. Mas o senhor logo entendeu meu desespero, não foi? Não vou enganar o senhor não, pra esse eu dei mais do que um beijo safado no elevador e uma mordiscana irmã no braço. Pra esse eu dei banho e fiz até torrada no café da manhã. O senhor viu como ele era bonito? Nossa. Ah, o senhor reparou também que ele é bem mais novo do que eu? Caramba, seu Zé, mas tá tão na cara assim? Só porque ele usa o moletom da faculdade? Aliás, que moletom mais cheiroso, seu Zé. Que será que tá acontecendo comigo, heim? Ando muito a fim desses garotinhos que ligam pra avisar a mãe que não vão voltar. Será que é a crise dos 30, Zé? Ou será que já que o cérebro de um de 20 é o mesmo que o de um de 50, então pelo menos vamos ficar com o melhor desempenho na corrida dos 100 metros rasos? Essa vida viu, Zé. Pode ser boa que é uma coisa. Já chorei muito, já doeu muito esse coração. Mas agora tô, ó, tá vendo? De pedra. Uma tora. Um macho.
  Na quarta eu não vi o senhor, mas será que o senhor me viu chegando cedinho, com o dia amanhecendo? Balada, Zé. E da boa. Sabe quem tava lá? Esse mesmo. Ele que veio me trazer, o senhor não viu? Ah, o senhor viu? Que vergonha. Eu tava meio caindo pelas beiradas não era? Era sono. Tá, um pouco disso e um pouco daquilo também, mas basicamente sono. O senhor não viu ele indo embora? Então somos dois. Mas vou confessar pro senhor: adoro quando eles vão embora sem me dar nenhum trabalho.
Se eu cobro? Que é isso, seu Zé! Tá louco? Sou menina de família! Escritora, publicitária e a espera de um grande amor. Mas to me divertindo, ué. Não é isso que mandam a gente fazer? Quando a gente chora e escreve aquele monte de poesia profunda. Quando a gente se apaixona e tudo mais e enche o saco dos amigos com aquela melação toda. Não fica todo mundo dizendo pra gente parar de tanto drama e se divertir? Poxa, to só obedecendo todo mundo.
Não é isso que todo mundo acha super divertido? Beber e fumar, e beber, e fazer sexo sem amor, e beber e fumar e dançar e chegar tarde e envelhecer e não sentir nada? Sabe Zé, no começo doeu não sentir nada. Mas eu consegui. Eu não sinto nada. Nada. Uns vem, uns vão. As garrafas tão lá, ao lado do lixo. As cinzas saem dançando por aí. As minhas vão junto. No dia seguinte eu acordo, tomo um banho, passo protetor solar, sento na minha varanda com o meu jornalzinho e ó: nada. Nadinha. Nem pena do mundo eu consigo mais sentir. Minha pureza era linda, Zé, mas ninguém entendia ela, ninguém acolhia ela. Todo mundo só abusava dela. Agora ninguém mais abusa da minha alma pelo simples fato de que eu não tenho mais alma nenhuma. Já era, Zé. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé? Sentiu o barulho de granito? Quebrou o braço, Zé? Desculpa.
  Mas hoje é quinta, hoje tem visita. Hoje tem risada alta, tem festinha, tem maquiagem e música.   O senhor promete que não me julga, Zé? Eu sei que você se atrapalha, liga aqui pra cima e fica até mudo. São tantos nomes, não é? Mas é só fazer que nem eu: chama todo mundo de “o outro”. Todos são outros. Porque o de verdade, Zé, o de verdade não existe. A gente chora, escreve lá umas poesias profundas, chora, mas um dia a gente acorda e descobre que esse aí não existe não.
  Amanhã é sexta, um novo dia. Um novo outro qualquer. Eu queria te dizer que eu sinto muito, Zé. Mas eu não posso te dizer isso porque a verdade é que eu não sinto mais nada. Nadinha, Zé.

' mais: solteiro quer dizer o sol inteiro. e ainda: só, mas inteiro. em resumo: estou meio triste, meio raivoso, acabado, confuso, perdido, meio louco, sei lá, como pode notar .. '

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

    


     Eu não posso acabar com todos os seus problemas, dúvidas ou medos, mas eu posso ouvir você e juntos podemos procurar soluções. Eu não posso apagar as mágoas e as dores do seu passado nem posso decidir qual será o seu futuro, mas no presente eu posso estar com você se precisar de mim. Eu não posso impedir que você leve tombos, mas posso oferecer minha mão pra você agarrar e levantar. Suas alegrias, triunfos, sucessos e felicidades não me pertencem, mas seus risos e sorrisos fazem parte dos meus maiores bens.
     Não é de minha alçada tomar decisões por você, nem posso julgar as decisões que você toma, mas eu posso apoiar, encorajar e ajudar se me pedir.Eu não posso traçar ou impor-lhe limites, mas posso apontar-lhe caminhos alternativos, procurar com você medidas de crescimento, formas de encontrar-se, meios de ser você mesmo sem medo da rejeição. Eu não posso salvar o seu coração de ser partido pela dor, pela mágoa, perda ou tristeza, mas posso chorar com você e ajudá-lo a juntar os pedaços Eu não posso dizer quem você é ou como deveria ser, eu só posso amar você e ser sua amiga.
     Tudo o que você tem que fazer é dizer meu nome, não importa o quanto perto ou longe, me chame uma vez e eu irei. Eu irei correndo, e quando eu não puder estar com você, sonhe comigo, me guarde em seu coração e eu irei aparecer. Tudo o que você tem que fazer é se virar, fechar os olhos, olhar pra dentro, eu estou bem aqui, e sempre vou estar com você!
                                                                                (…)


The fact is that he is the only person I really wanted to embrace.