Olha, para ser bem sincera não em agrada nem um pouco o Reveillón, mas o Natal...humm, como me encanta! Pra mim não existe coisa melhor que passar o dia em função assando peru, fazendo saladas, torta fria, salgados, doces, aquela gritaria "me passa os ovos", "pega a forma", botando champagne (a famosa sidra) pra gelar, caixas de cervejas estupidamente geladas no freezer só esperando a família chegar para começar a orquestra de "shiiis" desse lado..."shiiss" daquele outro...espuminha subindo...que coisa boa! Não to escrevendo para idolatrar a cerveja, o que não seria de todo o mal, mas para idolatrar o Natal!
Bom, tenho meus pais separados desde os meus 2 anos, e desde então ficou assim, Natal com mãe e Reveillon com pai. O que por muito tempo não me incomodou, porque não tinha muitos compromissos marcados para o último dia do ano . Mas conforme vamos crescendo, fazendo a nossa turma, conhecendo gente, casos, romances...fica muito difícil passar todo Reveillon em casa. Ainda mais quando se está trabalhando...e eu com minha sorte de rainha, nunca pego folga na virada.
Em 2000 começei a morar sozinha com minha irmã no interior, e meus pais continuaram na capital. Todo o mês a gente pegava um final de semana e ia visitá-los. Tipo, era aquela visita corrida...5 horas de distância é muito tempo quando se passa um mês longe. Olha, os quatro anos de faculdade foram o céu e o inferno pra mim...o céu porque curti muito a faculdade, muita festa, junções, amizades, fiz tudo aquilo que se deve fazer, fui praticamente uma universitária de filme americano, zoei geral. O inferno foi ter que passar tanto tempo longe da minha mãe e do meu irmão. Gente, eu passei a dar valor e ver o valor que meus pais tinham, quando não os tinha por perto. Por isso, quando estava chegando o Natal, eu ficava que nem criança esperando o ônibus partir e seguir ao encontro da minha véia na rodoviária.
Natal é aquela data que sempre rola choro, rola milhares de declarações, abraços, pedidos de desculpas, agradecimentos...por isso que gosto do Natal. Existe coisa mais linda que ver um pedido de desculpas sendo aceitas? Ou um abraço apertado e um TE AMO envergonhado de um filho, que passa o ano todo brigando em casa para estudar, na mãe, já cansada de tanto falar "guri, pega os cadernos e vai fazer os temas"? Ligações de familiares que moram longe e gastam seus últimos créditos em mensagens de felicitações e chamadas demoradas que passam do cachorro a sobrinha de 1 ano?
O meu Natal é assim, conturbado, gente falando alto, mesa farta, freezer farto, nada muito chique nem requintado, mas com gente que se gosta, que quer tá junto, que sente falta um do outro e que espera essa data o ano todo para estar junto. Natal é época de rir, comer, ter lembranças e de ser lembrado, de dar aquele abraço quebra costela no irmão mais novo, morder a primeira sobrinha de tão linda que é, abraçar o cunhado que durante o ano já teve mil e uma brigas contigo, agradecer a irmã pela sobrinha linda que te deu, ter uma conversa risonha com o pai carrancudo que passa o ano todo reclamando, beijar cachorro, tia, tio, e quem mais estiver por perto.
No fim da noite a gente deita parecendo uma jibóia de tanto comer e com a cabeça girando de tanta cerveja e só agradeçe e pede para que no próximo ano, toda essa fuzarca se repita, com a mesma intesidade e amor que une a família e sustenta nossos passos nos caminhos cheios de pedras e desvios.
"Ainda que se percam outras coisas ao longo dos anos, mantenhamos o Natal como algo brilhante.…. Regressemos a nossa fé infantil."
Grace Noll Crowell
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