segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O bilhete esquecido

     Ontem eu estava em casa sem nada para fazer, olhei pro canto e vi uma enorme pilha de livros. Como estou de mudança, eles já estão todos em caixas e sacolas...praticamente abandonados. Peguei um por um e começei a dar uma conferida, botar meu nomezinho nos que estavam sem, data em que adquiri cada um e por aí vai. Até que peguei o "13 dos melhores contos de amor da literatura brasileira", onde encontrei um bilhete (foto) que eu já havia encontrado logo que comprei, mas acabei esquecendo dele ali no cantinho das histórias lidas, do passado. O mais interessante disso tudo é que comprei esse livro num sebo, e o bilhete veio junto, não foi escrito por mim, nem pra mim....o que me deixa um pouco triste...pronto: confessei!
     Então, fiquei uns segundo olhando para o bilhete aberto, com as mãos abertas sobre o livro, fazendo com que a capa dura e as folhas enrijecidas não fechassem aquele pedaço de papel. Continuei arrumando os livros, mas o pedaço de papel já não estava mais dentro do livro, já estava separado, ao lado do meu kit noturno (coca-cola e cigarros). Terminei meu árduo trabalho e me veio milhares de histórias ligadas a aquelas letras no papel. Viajei legal naquele pedaço de papel amassado, típico papel rasgado daqueles blocos promocionais que a gente sempre ganha.
     Sabe, ontem eu vi que estou desesperada emocionalmente, louca de amor, cheia de amor...explodindo de amor! Chego a estar insuportável de tanta vontade que sinto de me render aos encantos do amor, do relacionamento estável e sério. É tanta vontade que, por mais que aquelas palavras não sejam "te amo eternamente", "Casa comigo", e tal...me senti muito envolvida com aquela "história" desconhecida, com vontade de descobrir, correr atrás e conhecer e saber como terminou, se não terminou como está essa relação.
     Hoje é tão raro ver os casais trocando bilhetes de amor, escrevendo declarações com coraçãozinhos vermelhos em volta do nome do amado, ou amada....é mais raro ainda ver um pessoa apaixonada recebendo o bilhete e ficando surpresa com a declaração inesperada.
     Pode parecer uma bobagem, mas o bilhete esquecido me fez pensar em como era bom receber uma declaração desse tipo, ter a letra da pessoa amada ali firmando seu sentimento, pegando um pedaço do seu tempo colorindo e desenhando o nome da pessoa por quem ele sente e escreve o que sente.
     Isso serviu não só pra me fazer sentir uma nostalgia bonita e escrita, mas para querer, almejar mais e mais um amor. Pode ser que eu escreva depoimentos pra ele, emails cheios de declarações e sacanagens...mas prometo, que nunca vou deixar de surpreende-lo com um bilhetinho na geladeira, no travesseiro, para que ele encontre quando for dormir..e até mesmo num bom livro, que quando eu ver nas prateleiras de uma livraria ou num balaio num sebo qualquer, lembre que aquele livro foi escrito para ele. Não é a toa que os  13 dos melhores contos de amor da literatura brasileira foi escrito, e nele se perdeu o bilhete...que o torna mais um conto de amor...sem começo, meio e fim...mas congelado na promessa de nunca ser esquecido.

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