quinta-feira, 25 de novembro de 2010

[...] manhãs calmas [...]

[...] entrou por manhãs calmas saiu por tardes tempestuosas, conheceu a desvairada solidão dos aglomerados e o encontro a sós consigo próprio, em pontes nocturnas sobre o mar, foi orientado por luzinhas longínquas e percorreu círculos viciosos envolvido em nevoeiro, viu a dádiva de tudo em olhares passageiros e a recusa de tudo na dureza de outros olhos, muito desnorte, um certo apelo, desolação, algum pavor, mágoas secretas, chagas lambidas, gritos calados, suores imensos, prantos mordidos, fúrias latentes, traições rasteiras, crimes inúteis, e também lírios, esquinas de encontro, amores-perfeitos, camaradagen, peitos abertos, contentamento, prazer de nada, riso e lágrimas, cabeça ao vento, cara na lama, moeda falsa, libra esterlina, sangue cuspido, saliva fresca, dor muscular, repouso ganho, rio que não pára, margem que fica, folha que cai, ramo que cresce, viagem certa, derivação, ursa maior, lodo profundo, canto e mudez, brilho e toupeira, espírito forte, perna arrastada, bota cambada e pé na areia, voltou ao bairro numa certa noite de lua alta, a tranquilidade era absoluta, durmam todos, durmam todos, lembrou-se de Manuel Bandeira e de que estão todos dromindo profundamente, amanhã talvez seja um novo dia, talvez haja, quem sabe?, um Movimento de Capitães feito com uma rapidez que já está, [...]

Dinis Machado

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